quinta-feira, 4 de junho de 2015

Além do Arco íris - Capítulo 3






- E agora Liliana, o que vamos fazer? - Rodolfo me perguntou.

- Agora nós vamos pular de asa delta, Dolfinho! - respondi.

Meu primo arregalou os olhos horrorizado, acho que não pensou que eu estava falando sério

- O que? Como assim saltar de asa delta? Isso é brincadeira né Lili? - disse.

Levantei da mesa colocando o dinheiro da conta do garçom no caderninho enquanto peguei meu espelhinho pra dar uma checada nos meus dentes pra ver se não estavam sujinhos.

- Claro que não é brincadeira, vai ser divertido, eu sempre quis fazer isso! - expliquei.

- Você nunca pulou de asa delta? Olha Lili, não sei não, mas acho que isso não é uma boa idéia. - falou com medo.

- Calma primo, é seguro, eu prometo que não vai te acontecer nada de mal. E depois, como pode achar ruim se nunca experimentou? Tudo na vida agente tem que experimentar e eu quero me sentir livre como uma passarinha! - falei enquanto caminhava pelo corredor do restaurante sem me importar se os clientes estavam vendo.

Rodolfo levantou e veio atrás de mim, percebeu que não tinha jeito, eu estava decidida a levar tudo na brincadeira.

- E que tipo de pássaro você quer ser? - perguntou.

- Uma ave de rapina, uma bem esperta! - falei.

Ele fez que sim com a cabeça.

- E eu? - perguntou.

Olhei bem no fundo daqueles olhos azuis e tive uma idéia:

- Já sei, azulão! Se bem que você não tem muita cara de azulão, nem de pássaro. Tá mais pra golfinho! Já sei, a partir de agora vou te chamar de golfinho! - apertei as bochechas dele e dei uma risadinha, vendo Rodolfo, agora meu Golfinho ficando corado.

- Agora vamos, quem chegar por último é mulher do padre! - falei e saí correndo em disparada na direção da moto, Rodolfo veio correndo atrás de mim, mas cheguei primeiro e comecei a zuá-lo:

- Golfinho é mulher do padre! Golfinho é mulher do padre! - rebolei fazendo uma dancinha.

- Lili, você não tem jeito mesmo! - Rodolfo falou fingindo estar bravo, mas no fundo morrendo de vontade de rir das minhas brincadeiras.

Subimos na moto e lá fomos nós, Ricardo, o moço responsável pelas asas-deltas já estava nos esperando, porque eu havia ligado no dia anterior avisando que iria. Ele nos ajudou a subir e vestir o equipamento, combinamos que saltaríamos juntos.

- Lili, eu tô com medo, e se eu passar mal? E se acontecer algum acidente e agente morrer? - ele perguntou.

- Em primeiro lugar, já disse que é seguro. O Ricardo trabalha com isso a anos e ninguém nunca se acidentou usando o equipamento dele. Em segundo lugar, se agente morrer é porque chegou a nossa hora, uai! Quanta gente não morre até em casa!.O irmão de uma menina da minha escola morreu fazendo pipoca de microondas, a tomada entrou na mão dele e o coitado levou um choque. - contei,

- Nossa, que horror! - Rodolfo arregalou os olhos horrorizado.

- Sim, teve um moço também lá da minha rua que morreu porque caiu um bloco na cabeça dele e um menino que estava jogando futebol em um campo em dia de chuva e foi atingido por um raio! Viu? Pra morrer basta estar vivo, como diz a minha mãe, só quem morre de véspera é peru! - falei brincando.

- Prontos? - Ricardo perguntou.

Fiz que sim com a cabeça, então saltamos, Rodolfo deu o maior grito:

- Socorrooo!!!! - falou.

Mas eu abracei ele bem forte e disse:

- Uau, olha só como é lindo, estamos voando!!!!! vamos abrir os braços primo, junto comigo!- segurei os braços dele e abri.

O ventinho batia contra o nosso rosto e naquele momento imaginei que éramos dois pássaros:

- Uau, isso dá frio na barriga, mas é incrível! - ele comentou.

- Eu disse, achou que eu ia te colocar em furada, primo? Só curte! - falei

E curtimos muito, eu confesso que até eu senti um pouco de medo na hora de aterrissar, mas foi uma experiência incrivel.

No caminho de volta pra casa, Rodolfo ficou preocupado:

- E agora Lili? O que você vai inventar? Confesso que estou com medo de não chegar vivo no final dessa viagem, a mamãe vai sentir muito a minha falta, tá? - falou.

- Calma, eu prometi pra tia Luíza que você ia chegar inteiro e vou cumprir minha promessinha, mas confessa, você bem que tá gostando das aventuras, não tá?

- É, tô sim, mas hoje tem mais alguma?

- Não seu bobo, temos que dormir agora, porque nosso vôo sai de madruga, senão vamos ficar exaustos e não sei quanto a você, mas eu não consigo dormir no avião de jeito nenhum! - disse.

- Ufaaa!!!! - ele suspirou aliviado.

Fomos pra casa, pedimos comida japonesa e depois adormecemos.

Um comentário:

  1. Tô amando essa estoria! Sempre quis ler alguma coisinha infantilista mas nunca achei uma que me agradasse...parabéns pela escrita!

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