sexta-feira, 15 de maio de 2015

Além do Arco íris - Capítulo 2







Um pouco sem jeito, ele apoiou as mãos no meu ombro e dei a partida na moto, sorri por baixo do capacete, contente por ele ter aceitado viver aquela experiência.

Cerca de uma hora depois, chegávamos na minha casa, era uma casinha simples que ficava a um quarteirão da praia, desci da moto e fui abrindo a porta pra que Rodolfo pudesse entrar com as malas.

- Quando vamos partir pra Europa? - meu primo perguntou.

- Amanhã no final da tarde, mas tenho algumas aventuras marcadas pra fazermos ainda hoje aqui mesmo, primo! - sorri.

- Que tipo de aventuras? - ele pareceu preocupado.

- Isso é surpresa. Hey, que tal deixar essas malas no meu quarto? Prometo que não vou espiar o que tem dentro. - disse brincalhona.

Rodolfo ficou com as bochechas coradinhas, mas acabou concordando, deixamos as malas lá ao lado da minha cama e depois perguntei:

- Você tá com fome? Eles costumam servir uma comida horrível nos aviões, quer que eu faça um mingauzinho pra você? - ofereci.

Uma vez eu havia passado um final de semana na casa da minha tia e ela sempre preparava mingauzinho e mucilon pro Rodolfo, acho que ela cuidava dele assim por ele ser o mais novo e ela ter adotado ele quando as filhas dela já estavam crescidas e perto de sair da casa.

Titia Luíza tratava o Rodolfo como se ele fosse um bebê, algumas pessoas criticavam esse comportamento dela, mas eu achava super fofo, eles eram muito ligados, até pareciam ser mamãe e filhinho biológicos.

- Eu gostaria sim, se não for incomodar, prima. - falou todo educado.

Fui até a cozinha e comecei a preparar um mingauzinho de morango super fofo de consistência rosinha pro Rodolfo, era o meu favorito também. O que meu primo não sabia, era que apesar desse meu jeitão, eu também gostava de algumas coisinhas de bebê, assim como ele e as tinha na minha casa.

Preparei o mingau e quando fui levar pra ele em uma tigelinha de ursinhos que eu havia comprado porque tinha achado fofa, o encontrei na sala com uma das minhas conchinhas no ouvido.

- Puxa, que legal Liliana, dá mesmo pra ouvir o barulho do mar. - ele disse.

-  Dá sim, mas eu conheço um jeito muito melhor de escutar essa música suave das ondas. - falei enquanto colocava o pratinho em cima da mesa.

- Qual? - ele perguntou curioso já se sentando.

- Na própria praia, fica um quarteirão daqui. Termine de comer que nós vamos dar um pulinho lá! - falei.


- Mas eu não trouxe sunga. - questionou, acho que estava envergonhado.

- Bobagem, tem uns garotos que ficam de short lá, sem problema. Vou indo mudar de roupa, não se preocupe, hoje a praia vai estar vazia, é dia de semana e o povo tá trabalhando. - comentei.


- Então tá bem. - concordou.

Corri para o quarto e troquei de roupa, colocando um biquini vermelhinho e depois uma saída de praia, escolhi óculos de sol em formato de coração. O sol já estava esquentando naquela época do dia, mas tão cedo eu não colocaria biquini novamente, já que na Europa, essa época do ano costumava fazer frio. Talvez com um pouco de sorte eu conseguisse ver neve.

Quando voltei, esperei o Rodolfo se arrumar e ele voltou de short, mas com uma blusa bem larguinha por cima, tudo bem, quando chegasse lá talvez eu o convencesse a tirar quando fôssemos entrar no Mar.

Caminhamos até a praia e logo sentimos o perfume da maresia e escutamos o barulho das ondas.

- Nossa, que praia bonita, prima. A areia é branquinha! - comentou.

- É sim, sabe o que isso me lembra? - perguntei.

- Não, o que?

- Quando eu era criança, adorava fazer castelinhos de areia, só que eles nunca ficavam direitos. Geralmente eu molhava os dedos na água com um pouquinho de areia e deixava escorrer, dando um aspecto meio enroladinho. Quer ver?

- Quero sim. - ele disse.

- Então tira essa camisa pra irmos pra beirinha. - pedi.

- Tem certeza? É que tenho vergonha. - falou.

- Bobagem, você é meu ursinho fofinho, Rodolfo. Não tem que ter vergonha de ficar sem camisa, se ainda fosse peludo igual aquele cara ali. - apontei pra um barrigudo peludo que estava tomando cerveja sentado em uma cadeira de praia.

- Eca! Pior que é mesmo, parece o Tony Ramos.  - ele concordou se soltando um pouco.

Começamos a rir, o homem percebeu que estávamos falando dele e olhou pra nós de cara feia, então viramos o rosto.

- Tá vendo, ele é bem pior. se ele tem coragem então por que não você, que é muito mais bonito? Vamos fazer assim, eu tiro a saída de praia e você a camisa, corremos pro Mar e damos um mergulho de uma vez só, que tal? - propus.

- Mas eu não estou acostumado a nadar no mar, tenho medo, e se eu me afogar? - ele perguntou.

- Não precisa ter medo, nós vamos cair na água juntos, eu vou estar segurando a sua mão, o tempo todo e não vou deixar você se afogar, além do mais, tem salva-vidas na praia. - expliquei.

- Se é assim então eu topo. - falou.

Tiramos nossas roupas e corremos de mãos dadas na direção da água do mar, mergulhando de um pulo, Depois colocamos a cabeça pra fora da água e eu ensinei o truque:

- Toda vez que a onda vier, é só prender a respiração e mergulhar, passar por debaixo dela, assim agente não leva caixote. Olha lá, vem uma vindo, mergulha! - disse e mergulhamos de encontro a onda, passando por baixo dela.

- Nossa, que legal! Como foi que você aprendeu esse truque? - ele ficou curioso.

Então os bons momentos da minha infância vieram na minha mente.

- Quando eu era criança, costumava brincar na praia e minha brincadeira favorita era que eu era uma sereia, ás vezes a Ariel, as vezes a Arista e depois maiorzinha, a Melody, filha da Ariel. Então eu vinha pro mar pra nadar imaginando que estava morando no fundo do mar. - contei minha brincadeira secreta da infância.

- Essa brincadeira parece legal, eu nunca brinquei disso. - comentou.

- Que tal brincar disso agora então? - tive a idéia, embora não acreditasse que ele fosse receber bem a idéia de fazer uma brincadeira de criança.


- Eu vou ser uma sereia? - ele arregalou os olhos.

- Não, você pode ser um tritão, que nem o pai da Ariel, só que em uma versão mais jovem e fofinha, ou então um peixe, que nem o linguado. Combina com esses olhinhos azuis. - sorri. - Cuidado, a onda, abaixa!

Nos abaixamos mergulhando quando mais uma onda veio, então ele disse:

- Eu gostei, então eu quero ser um tritão, mas um mais novo. - falou. - O que agente faz?

- Agora agente nada! - disse puxando ele um pouco mais pro fundo, onde tinha um banco de areia.

Ficamos um bom tempo ali brincando de sereia e tritão, até que cansamos e decidimos voltar pra areia pra fazer os castelinhos.

Comecei a fazer os montinhos de areia e rimos muito, porque eles pareciam tudo menos castelinhos. Aquela manhã foi muito divertida, mas a fome aumentou e decidimos parar em um restaurante ali perto pra almoçar.


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