domingo, 3 de maio de 2015
Verdade ou consequência - Capítulo 3
A segunda -feira chegou rápido e me arrumei pra ir a escola imaginando como as coisas ficariam entre mim e meus amigos depois daquele dia, optei por agir com normalidade, embora estivesse ansiosa pra repetir a dose, quando descobri que Nando não havia ido pra escola naquele dia.
Estava preocupada, sentindo a falta dele, passei o recreio conversando com o pessoal da turma e com Luan, até que recebi uma mensagem de texto da mãe do Nando:
" Oi Liana, tudo bem? Aqui é a mãe do Nando, desculpe incomodar, mas é que o Nando ficou doente e queria perguntar se você pode passar lá em casa e deixar a matéria pra ele copiar depois da aula. Vou deixar a chave embaixo do capacho da entrada. Beijos, obrigada."
Com certeza a mãe do Nando havia pedido isso porque eu era a amiga que morava mais perto do Nando, a cada dele ficava a apenas um quarteirão da minha, por isso eu era a mais indicada para a tarefa, além disso, imaginei que meu amiguinho estivesse mesmo mal, porque Nando nunca faltava aulas, ele mesmo com febre ele nunca faltava.
Sabendo disso, decidi que ele precisava de cuidadinhos muito especiais pra ficar bom logo e eu sabia muito bem que tipo de cuidados. Dei uma risadinha e esperei ansiosa pelo fim daquelas aulas, na saída passei direto na farmácia, por sorte eu havia levado o cartão de crédito da minha mãe pra fazer umas comprinhas depois, mas optei por fazer comprinhas especiais para o Nando naquele dia.
Escolhi lenços umedecidos, talco, fradinha do tamanho mais adequado para o Nando, como ele era magrinho, decidi que P ficaria ótimo nele, lenços umedecidos, uma pepeta azul parecida com a minha que ele havia experimentado lá em casa e por último, uma mamadeira.
Pus tudo dentro da mochila e pedalei até a casa dele o mais rápido que pude. Como a mãe dele havia dito, a chave estava embaixo do tapetinho da entrada, abri a porta e subi as escadas silenciosamente, batendo na porta e abrindo de leve pondo o rostinho pela fresta:
- É aqui que tem um bebêzinho dodói? - perguntei fazendo aquela voz de quando se fala com um bebê bem pequeno.
Nando estava embaixo das cobertas e com uma carinha péssima mesmo. bem pálido e com o cabelo bagunçado.
- Liana, o que tá fazendo aqui? - perguntou.
Entrei no quarto jogando a mochila em cima da cadeira do computador e em seguida me aproximei da cama e pus a mão na testinha dele:
- Vim aqui cuidar de você, sua mãe me contou que você tava dodói e minha nossa, você parece com febre, sabe onde eu encontro um termômetro por aqui? - fui logo falando pra não dar tempo dele protestar.
Nando apontou para o criado mudo, retirei o termômetro e pus embaixo do braço dele.
- E então, quais são os seus sintomas? - perguntei pegando um caderninho e uma caneta rosa com frufru pra anotar, como se fosse uma enfermeira.
- É uma infecção intestinal, parece que foi por causa de uma maionese estragada que comi ontem no cachorro quente. - explicou.
Aquela era a desculpa perfeita para o que eu tinha em mente, não que eu estivesse feliz com a doença do meu amigo, coitado, uma vez tive um dodói assim e não foi nada legal, mas eu menos eu sabia o segredo para fazer de seu dodói um momento feliz e gostoso, tratando-o como meu baby.
- Foi por isso que não foi pra escola? Porque tem levantar toda hora pra ir ao banheiro, né? - constatei, ele fez que sim com a cabeça.
Imitando um ar profissional igual ao das enfermeiras que já vi na televisão, pus as mãos pra trás e comecei a falar:
- Mas isso não é bom, você precisa ficar em repouso, absoluto, não pode ficar levantando toda hora pra ir ao banheiro, mas não se preocupe, eu tenho a solução pra esse problema. - falei.
- Ah é? Qual? - ele olhou com curiosidade.
Abri minha mochila e retirei dali um pacote de fraldas descartáveis.
- O que? Fraldas? Mas isso é ruim! Não, não quero usar isso. - falou.
- Como pode ter tanta certeza se é ruim se nunca experimentou? É só uma vez, garanto que não é tão ruim quanto pensa. - expliquei.
- E como você sabe? Já usou? - ele perguntou.
De fato eu já havia experimentado uma vez, eu não era lá muito fã de fraldas, mas um amigo infantilista com quem eu conversava através do Skype certa vez pediu para que eu experimentasse e decidi ver como era, além de ser importante aprender a colocar caso algum dia cuidasse de um baby, só não imaginava que a oportunidade viria tão rápido:
- Já experimentei uma vez, quando tive o mesmo problema que você, vamos, é legal, se não gostar prometo que não insisto mais. - é, argumentar era um dos meus talentos.
Fui logo puxando o cobertor dele, que por sinal era um cobertor bem fofo com desenhos de cometas e estrelinhas. Abaixei as calças dele de forma que Nando ficou com o rosto completamente vermelho, mas acho que estava sem muita disposição pra protestar, limitando-se a cobrir o rosto enquanto eu colocava a fraldinha nele.
Bati palminhas com satisfação ao perceber que era exatamente do tamanho certo.
- Pronto, e então, como está se sentindo? - perguntei.
- Não sei bem, quer dizer, é macio. Me lembra quando eu era um bebê. - explicou.
- Isso é bom, não? Voltar a ser bebê? Aliás, o que acha de ser meu bebêzinho por um dia? Podemos fingir que sou sua mamãe e hoje você ter um dia de bebê. Vamos Nando-kun, vai ser divertido! - disse juntando as mãos e fazendo aquela carinha que eu sabia que meus amiguinhos não resistiam.
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